quarta-feira, dezembro 06, 2006

V de...Mídia e Poder


Em uma noite calma, vazia e silenciada de uma Londres futura, o prédio Old Bailey explode e desaba tranformando-se em fogo e destroços. Tudo isso ao som de "1812" de Tchaikovsky. As pessoas acordam assustadas e saem às ruas, vão até as janelas e observam aquele fato: "O que aconteceu? Por que o prédio explodiu?" seus olhos parecem questionar.
Logo depois disso, trancado em uma sala escura, o poder conspira; e dessa conspiração surge a explicação na rede de TV controlada pelo governo : o Old Bailey foi planejadamente demolido pelas autoridades por ser um prédio velho e, por isso, perigoso.
Uns acreditam na história. Outros - os que viram mais de perto a explosão - não crêem na versão oficial.
Após assitir a manipulação governamental, V - o personagem principal e verdadeiro responsável pela explosão- lança um ataque à rede de televisão, a controla durante um tempo e faz um pronuniamento à nação, convocando-a a participar...Bem, daquilo que será a trama do filme. Mas isso não importa agora! O importante é vocês assistirem a ele e perceberem -mais uma vez - o poder que a mediação das informações têm. Ao longo de toda trama diversos fatos ocorrerão, e outras diversas versões oficiais surgirão. Todas são distorções e mentiras.
Mas esse filme - a manipulação dos fatos que acontecem e aconteceram - nós já assitimos (ou lemos) em 1984 e Admirável Mundo Novo. Gostaria de chamar atenção para outra mediação feita no filme e que não tem nada de manipulação, distorção, mentira...
No chão da cela em que está presa, a personagem de Natalie Portman (imagem ao lado) lê um pequeno texto que encontra em buraco da parede; é uma autobiografia da prisioneira que está ao seu lado: quem ela é, as pessoas, os fatos e os sentimentos que foram importantes na sua vida; os motivos pelos quais foi presa, torturada e pelo qual será assassinada.
O texto é um pequeno resumo de uma vida sob o totalitarismo, sob o controle amplo e generalizado de um poder. Mas é também uma mensagem de esperança e de integridade; uma mensagem de que o poder da comunicação humana não está somente no controle e manipulação dos fatos; uma mensagem de que a comunicação tem o poder de emocionar, de criar uma identidade, de aproximar duas pessoas que não se conhecem. Transcrevo as últimas palavras do texto:
"Mas o que mais quero é que entenda a minha mensagem quando falo que, mesmo sem conhecer você e mesmo que jamais conheça você, ria com você, chore com você ou beije você...Eu amo você. De todo coração, eu amo você. Valerie"