terça-feira, agosto 29, 2006

Texto de Marilena Chauí

O pequeno texto de Marilena Chauí retirado do livro Simulacro e poder: uma análise da mídia (São Paulo, Fundação Perseu Abramo, 2006, 52-53) nos aponta questões que não são novas. O cerne da discussão corre em torno da lógica que rege a cultura enquanto "lazer e entretenimento": a lógica do mercado. Eis um resumo: a) os programas de rádio e TV se mantêm com dinheiro dos patrocinadores; b) os patrocinadores querem vender produtos; c) de tempos em tempos a programação é interompida para que estes produtos sejam anunciados; d) tal interrupção contínua gera uma "mudança mental" nos jovens e crianças que passam a ter dificuldades de concentração. Aí está resumida a lógica dos dois primeiros parágrafos. Nos dois últimos, a autora salta da lógica do mercado para a infantilização provocada pelos meios de comunicação. Mas o que é ser infantil? É - segundo Chauí - não suportar o intervalo entre o desejo e sua satisfação. E o que fazem os meios de comunicação? "Prometem e oferecem gratificação instantânea. Como o conseguem? Criando em nós os desejos e oferecendo produtos (publicidade e programação) para satisfazê-lo."
A autora traça a linha divisória entre a satisfação que a cultura (obras de arte e do pensamento) e os meios de comunicação nos oferecem: a primeira nos satisfaz se temos paciência de compreendê-la e decifrá-la; a segunda nos satisfaz pois nada nos pede. Podemos concluir, pois, que podemos nos satisfazer com a maturidade exigida pela cultura, e com a infantilização exigida pelos meios de comunicação.
Em uma civilização acostumada com a lei do menor esforço, dói muito menos se prostrar em frente a TV do que abrir um livro...

segunda-feira, agosto 28, 2006

Uma pequena explicação...

O nome do blog pode parecer estranho, mas há uma explicação. Na segunda aula do curso "Mídia e Poder" na Faculdade Cásper Líbero, o professor Dimas discutiu a respeito das várias perspectivas, dos vários pontos de vista que formam o conhecimento científico. Nesse contexto, ele comentou o racionalismo de René Descartes, o filósofo que proferiu o "Penso, logo existo". Criticando a visão racionalista, o professor Dimas disse: "Ele poderia ter dito qualquer coisa: respiro, logo existo; gosto de rapadura, logo existo...". Daí o título do blog.