Texto de Marilena Chauí
O pequeno texto de Marilena Chauí retirado do livro Simulacro e poder: uma análise da mídia (São Paulo, Fundação Perseu Abramo, 2006, 52-53) nos aponta questões que não são novas. O cerne da discussão corre em torno da lógica que rege a cultura enquanto "lazer e entretenimento": a lógica do mercado. Eis um resumo: a) os programas de rádio e TV se mantêm com dinheiro dos patrocinadores; b) os patrocinadores querem vender produtos; c) de tempos em tempos a programação é interompida para que estes produtos sejam anunciados; d) tal interrupção contínua gera uma "mudança mental" nos jovens e crianças que passam a ter dificuldades de concentração. Aí está resumida a lógica dos dois primeiros parágrafos. Nos dois últimos, a autora salta da lógica do mercado para a infantilização provocada pelos meios de comunicação. Mas o que é ser infantil? É - segundo Chauí - não suportar o intervalo entre o desejo e sua satisfação. E o que fazem os meios de comunicação? "Prometem e oferecem gratificação instantânea. Como o conseguem? Criando em nós os desejos e oferecendo produtos (publicidade e programação) para satisfazê-lo."
A autora traça a linha divisória entre a satisfação que a cultura (obras de arte e do pensamento) e os meios de comunicação nos oferecem: a primeira nos satisfaz se temos paciência de compreendê-la e decifrá-la; a segunda nos satisfaz pois nada nos pede. Podemos concluir, pois, que podemos nos satisfazer com a maturidade exigida pela cultura, e com a infantilização exigida pelos meios de comunicação.
Em uma civilização acostumada com a lei do menor esforço, dói muito menos se prostrar em frente a TV do que abrir um livro...
A autora traça a linha divisória entre a satisfação que a cultura (obras de arte e do pensamento) e os meios de comunicação nos oferecem: a primeira nos satisfaz se temos paciência de compreendê-la e decifrá-la; a segunda nos satisfaz pois nada nos pede. Podemos concluir, pois, que podemos nos satisfazer com a maturidade exigida pela cultura, e com a infantilização exigida pelos meios de comunicação.
Em uma civilização acostumada com a lei do menor esforço, dói muito menos se prostrar em frente a TV do que abrir um livro...